quarta-feira, 30 de maio de 2012

Dia 15 de Novembro decretado o Dia Nacional da Umbanda

                                                       

A presidente Dilma Rousseff assinou, na quarta-feira (16), a Lei 12.644 que decreta o Dia Nacional da Umbanda, a ser comemorado anualmente, em 15 de novembro. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira, 17 de maio.
O documento foi sancionado a partir do Projeto de Lei da Câmara nº 187 de 2010, que propõe em sua justificativa, o direito constitucional à liberdade de crença e o livre exercício dos cultos religiosos, conforme o inciso VI do art. 5º da Constituição. Além de defender a valorização, a origem e a difusão da religião umbandista no país por tratar-se de uma religião genuinamente brasileira. 
15 de novembro - A data já consagrada à comemoração da umbanda em diversos municípios brasileiros, refere-se ao ano de 1908, em que o médium Zélio Fernandino de Moraes recebeu, em Niterói, a missão de fundar o novo culto. 
Zélio foi acometido por uma inexplicável paralisia que os médicos não conseguiam conter, logo em seguida levantou-se normalmente e voltou a caminhar como se nada tivesse acontecido. Na ocasião, um amigo da família sugeriu uma visita a Federação Espírita do Estado do Rio de Janeiro, onde por meio de uma manifestação espírita de uma entidade denominada Caboclo das Sete Encruzilhadas foi anunciada a fundação de uma nova religião no Brasil.   
A religião dos ancestrais dos velhos africanos apregoa o trabalho em benefício de todos, independente de cor, raça, credo e condição social, pela prática da caridade e da literatura do evangelho de Jesus. 
A umbanda expressa vivamente seu caráter nacional, juntamente com suas raízes africanas, nas manifestações culturais, que incorporam a música e a dança. Valeu-se de elementos católicos, espíritas, do candomblé e de outras tradições místicas, para criar uma doutrina que, em seu universo, afirma a existência de um Deus supremo e a possibilidade de comunicação com os espíritos dos mortos. 
Fonte: Fundação Palmares
                                  TEXTO ORIGINAL
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
 
Institui o Dia Nacional da Umbanda. 
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
          Art. 1o  Fica instituído o Dia Nacional da Umbanda, que será comemorado, anualmente, em 15 de novembro. 
Art. 2o  Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
Brasília,  16  de  maio  de 2012; 191o da Independência e 124o da República. 
DILMA ROUSSEFF
Anna Maria Buarque de Hollanda
Luiza Helena de Bairros
Este texto não substitui o publicado no DOU de 17.5.2012

Oração a Xangô

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Poderoso Orixá de Umbanda,
Pai, companheiro e guia.
Senhor do equilíbrio e da justiça.
Auxiliar da Lei do Carma,
Só tu, tens o direito de acompanhar pela eternidade,
Todas as causas, todas as defesas, acusações e eleições,
Promanadas das ações desordenadas, ou dos atos impuros e benfazejos que praticamos.
Senhor de todos os maciços e cordilheiras,
Símbolo e sede da tua atuação planetária no físico e astral.
Soberano Senhor do Equilíbrio, da equidade,
Velai pela inteireza do nosso caráter.
Ajude-nos com sua prudência.
Defenda-nos das nossas perversões,
Ingratidões, antipatias, falsidades,
Incontenção da palavra e julgamento indevido dos atos
Dos nossos irmãos em humanidade.
Só Tu és o grande Julgador.
Kaô Cabecilê Xangô.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Pai Jaú -Um dos pioneiros da Umbanda



Umbanda e Assistência
Euclides Barbosa, o "Pai Jaú". Foi zagueiro do Corinthians e do Vasco da Gama e participou da Copa do Mundo de 1938, na França. Morreu dia 26 de dezembro de 1988, aos 82 anos, de insuficiência respiratória, em São Paulo.
(Fonte: Veja, 4 de janeiro, 1989 - Edição n° 1061 - Pág; 65)*15/12/1906 - 26/12/1988)
"Pai Jaú - Um Grande Mártir da Umbanda"
"Um apelido como qualquer outro" era a resposta que Euclides Barbosa dava quando lhe perguntavam de onde ou do que havia surgido o apelido Jaú.
"Sou uma pessoa que tem três pesos e três medidas: sou da raça negra, umbandista e corintiano."
Jaú, em uma dividida de bola, acabou tendo um ferimento grave na cabeça. Sua presença era essencial para que o time conseguisse vencer o adversário.
Foi nesse instante que recebeu, pela primeira vez, uma mensagem espiritual, e a levou a sério.
Jaú estava deitado na maca, fora das linhas do campo, o médico dizendo ao técnico que ele não poderia voltar ao jogo, pois o sangue não parava de jorrar e, provavelmente, ele havia sofrido uma concusão cerebral; somente um milagre faria com que ele se levantasse. Quando olharam para o lado, Jaú estava de joelhos, olhando para o infinito, como se estivesse ouvindo instruções, e passou a mão no gramado, arrancou um chumaço de grama, colocou no ferimento, e, ainda seguindo as instruções, enfaixou a cabeça. Depois, solenemente encostou a testa na terra e levantou-se, como que impulsionado por uma mola, entrando vitorioso no campo, sob os aplausos da torcida e a perplexidade do médico e do técnico.
Mais tarde, este gesto de tocar o solo do gramado com a testa passou a ser marca registrada do grande jogador e tinha tanta influência entre os colegas que ninguém se atrevia a colocar os pés no gramado sem que houvesse o toque da sorte, como passou a ser conhecido.
Quando Jaú pendurou as chuteiras e passou a dedicar-se inteiramente à sua missão religiosa, teve realmente de ter o mesmo espírito de luta que sempre lhe acompanhou nas disputas espor­tivas.
Foi atendido; quando os carrascos acenderam os palitos, ele começou a ver, nas chamas, uma espécie de luz, formando uma figura de índio. De seus olhos escorreram lágrimas, não de dor e sim de pena daqueles sujeitos que acharam que estavam lhe fazendo um grande mal. Estavam lhe proporcionando passar por um grande milagre espiritual.
Os policiais foram afastados a bem do serviço e nunca mais Pai Jaú foi perseguido pela polícia.
Até os 82 anos, idade em que faleceu, Pai Jaú atendia pessoas todas as quartas-feiras. Todos admiravam seu caboclo, pois sempre vinha do mesmo jeito, independente da idade ou da saúde do velho guerreiro. Na incorporação, seu corpo estirado se elevava mais de um metro do chão e, ao tocar no solo, o caboclo batia a cabeça no chão, no gesto característico do grande Decano.
Como já aconteceu com muitos sacerdotes, por não deixar por escrito sua vontade, após sua morte, no que diz respeito a cerimônia e legados, Pai Jaú sofreu a discriminação e o desrespeito. Seus filhos-de-santo não puderam fazer nada, pois a família, com exceção de seu filho Jair, que nunca havia participado de sua vida, proibiu qualquer cerimonial umbandista e, no dia seguinte ao enterro, sua filha evangélica desmontou o congá, jogou tudo na rua e colocou fogo, sob os olhos atônitos dos vizinhos, que não puderam ou não quiseram interferir.
Terminava assim a trajetória de um homem que honrou seu tempo, seus amigos e seus filhos espirituais, mas que recebeu muito pouco ou quase nada em troca, a não ser sua própria luz na eternidade.
Ao Velho Pai Jaú,
por seu Dia de Glória
"Oxalá o abençoe e guarde hoje e sempre. Sua benção Pai Jaú."

sexta-feira, 18 de maio de 2012

HISTÓRIA DE PAI JOÃO DE CAMARGO





Missionário negro, compositor, médium, curandeiro também conhecido como médico dos pobres. Nhô João, nasceu no dia 16 de maio de 1858, na fazenda dos Camargo Barros, bairro dos Cocaes em Sarapuí/SP, faleceu no dia 18 de setembro de 1942 na cidade de Sorocaba, filho de Francisca, escrava de Luís de Camargo Barros e de pai incógnito, batizado na Igreja Matriz de Nossa senhora das Dores de Sarapuí. Como escravo cresceu na fazenda em que nascera, herdou o sobrenome da família Camargo Barros, analfabeto não teve acesso à educação institucional, veio para Sorocaba logo após a abolição da Escravatura, 13 de maio de 1888.Trabalhou em Sorocaba como cozinheiro para Manuel Lopes Monteiro, e também para a família de Inácio Pereira da Rocha. Em 1893, alistou-se como soldado voluntário, no batalhão dos Voluntários Paulistas, deu baixa em sua carreira militar em 1895, quando a Revolução Federalista terminou, passou a trabalhar na lavoura em Pilar do Sul, lugar onde conheceu Escolástica do Espírito Santo, sua esposa. Voltou para Sorocaba em meados de 1890, época em que Sorocaba fora atacada pela epidemia de febre amarela o que fez o casal abandonar a cidade e mudar-se para o bairro da Ilha, em Salto de Pirapora. Após cerca de cinco anos de convivência matrimonial vieram a separar-se por incompatibilidade. João de Camargo retornou à Sorocaba para recomeçar a vida, trabalhou em vários empregos para sobreviver desde o campo trabalhando na lavoura a olarias fazendo tijolos e telhas.


Recebera influência na prática de curandeirismo e na religiosidade africana com sua mãe, Nhá Chica, de sua sinhazinha, Ana Teresa de Camargo a iniciação ao catolicismo e do padre João Soares do Amaral os ensinamentos através de seus sermões, pois o conhecera ainda quando era adolescente e lhe tinha em grande admiração, sua religiosidade sincrética formou-se a partir do catolicismo popular, participando nas Festas em devoção aos santos católicos a que se homenageavam na Casa Grande nos dias sagrados, bem como do aprendizado que adquirira com sua mãe.Desde 1897 iniciara-se no caminho do misticismo, acendia velas, rezava ao pé da cruz e já praticava a cura em algumas pessoas. Em 1905 seguindo seu percurso pela Estrada da Água vermelha, cumpria a sua obrigação junto a Cruz do menino Alfredinho, em casa meditando por volta da meia-noite, percebeu que fenômenos estranhos como murmúrios, luzes, ventos entre outros sinais ocorriam a ele, fazendo-o muitas vezes a ser tomado como louco. Entre as vozes que ouvia, a mensagem para que parasse de beber era clara, uma vez que, segundo a voz que lhe falava o álcool o impedia de receber a missão designada, além de lhe estragar o corpo.


Em 1913 foi processado judicialmente acusado de praticar o curandeirismo. Absolvido e para se proteger de perseguições criou em sua Capela a Associação Espírita e Beneficente Capela do Senhor do Bonfim, reconhecida como pessoa jurídica em fevereiro de 1921. Em 1915, fundou a Corporação Musical São Luís, composta por vinte e oito músicos, sendo muitos deles os que animavam os cordões carnavalescos da nossa cidade, visto que apresentavam –se em festas religiosas e profanas. Seus maestros foram Francisco Dimas de Melo, Salvador Elisário, Pancrácio Inocêncio de Campos, e Avelino Soares.Sua fama percorreu o mundo, foram - lhe dedicadas poesias, composições musicais e desenhos. João de Camargo foi tema de várias dissertações de mestrado, biografado por inúmeros escritores, pesquisadores e historiadores entre eles Antônio Francisco Gaspar, Florestan Fernandes, Genésio Machado, Roger Bastide, José Barbosa Prado, Aluísio de Almeida, Paulo Tortello, Rogich Vieira, Prof. Bene Cleto, Alcir Guedes, Antônio Carlos Guerra da Cunha.Também sobre João de Camargo o jornalista Plínio Cavalcante publicou reportagem na revista semanal O Malho, Rio de Janeiro em 1934 e na Europa o Corriere Dela Sera publicou reportagem em 1922, em 1995 foi publicada sua biografia e um Espetáculo Teatral cujos autores Sônia Castro e Fernando Antonio Lomardo tinham como intenção principal investigar O Homem – João de Camargo. Em 1999 os pesquisadores Carlos de Campos e Adolfo Frioli publicaram o livro “João de Camargo – O nascimento de uma religião de Sorocaba”, sendo o tema principal “o preto velho e bom da Água vermelha” uma vez que, Nhô João foi uma referência de fé popular nesta cidade. Neste mesmo ano o pesquisador Carlos Carvalho Cavalheiro também dedicou-lhe algumas páginas de seu trabalho sobre o Folclore em Sorocaba – Milagres de Nhô João de Camargo.


Após sua morte a Capela Bom Jesus do Bonfim ficou fechada durante cinco anos por questões judiciais, Escolástica do Espírito Santo Maduro, sua ex- mulher apareceu requerendo sua parte no espólio.O túmulo de João de Camargo é uma réplica da Capela Bom Jesus do Bonfim, levantada sob responsabilidade de um de seus devotos, João Massa em 1948. Seu túmulo é visitado por um número incontável de devotos e simpatizantes, principalmente no dia 02 de novembro – Finados .



ORAÇÃO A PAI JOÃO DE CAMARGO




:: Oração ::
Guia Glorioso JOÃO DE CAMARGO, vós que tem a graça recebida de Deus de defender-nos contra o mal, e nos ajuda a receber o bem, peço-vos Senhor, que retire todo mal, que nos tortura, defendei-nos também contra as pessoas que nos desejam mal.Livrai-nos das invejas que nos perseguem em nossos lares e onde estivermos trabalhando.Assim seja com a prece ao senhor JOÃO DE CAMARGO será abençoado por DEUS
JOÃO DE CAMARGO BARROS* 05/07/1858-- 28/09/1942

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Pai Rubens Saraceni fala sobre o monoteísmo na Umbanda.

E-mail
A UMBANDA É MONOTEÍSTA
MONOTEÍSMO: Sistema que admite a existência de um Deus único
MONOTEÍSTA: Que adora um só Deus.
Já vem de alguns milhares de anos uma discussão sem fim, usada pelos seguidores do filo religioso judaico-cristão-islamita para convencer a humanidade de que, religiosamente são os únicos adoradores do Deus único e verdadeiro. E que os seguidores das ou­tras religiões são adoradores de deu­ses “pagãos”, de “demônios”, de “falsos deuses” de “ídolos de pedras”, etc.
As assacadas pejorativas são tan­tas que não vamos perder tempo com elas, e sim, comentaremos o monoteís­mo umbandista.
O fato é que, em se tratando de religião, a “disputa” pela primazia é acirra­da e a “concorrência” é desleal e antiética porque cada uma se apre­sen­ta como a verdadeira religião e atribui às outras a condição de “falsas reli­giões”, enganadoras da boa fé, etc.
Já demonstramos em outras oca­siões que as religiões não são fundadas por Deus e sim por homens, certo? Por­tanto, todas são discutíveis ou questio­náveis pelos seguidores de uma contra as outras.
Esse embate sempre existiu e tem servido para os mais diversos fins, entre eles, o de dominar a mente e a cons­ciência do maior número de pessoas possível; de expansão do poder político; de expansão econômica; territorial, mi­litar, etc.
Fato esse, que tem levado pessoas ti­das como religiosas ou “santas” a in­du­zirem seus seguidores no sentido de cometerem terríveis atrocidades e ge­nocídios. Isto é História com H maiúsculo mesmo! Essa realidade tem levado mui­tas pessoas observadoras desses acon­teci­men­tos a optarem pelo ateísmo ou pela abstinência religiosa.
Cientes de que os “interesses pes­soais” muitas vezes sobrepõe-se sobre a religiosidade das pessoas, não deve­mos influenciar-nos pelo que os segui­dores de outras religiões dizem sobre a nossa e devemos relegar suas críticas, calúnias e difamações à vala comum dos desequilibrados no sentido da fé, pois o mesmo Deus que nos criou também criou os vermes, os fungos e as bacté­rias decompositoras que devoram o corpo dos que desencarnam, sejam eles seguidores de uma ou outra religião ou sejam ateístas.
Deus está acima das picuinhas en­tre seguidores das muitas religiões e nós temos que discernir o Deus verda­dei­ro dos que dele se apossam e pas­sam a usá-lo em beneficio próprio e com o propósito de enfraquecer as religiões e as religiosidades alheias.
Esses procedimentos mesquinhos são típicos dos seres desequilibrados no sentido da fé e não devemos dar-lhes ouvido, e muito menos atenção.
Devemos sim é demonstrar que estão errados, assim como que pouco sabem sobre Deus e não estão aptos a discuti-lo ou questionarem a fé a religio­si­dade alheias.
Quem, em sã consciência, pode afirmar como é Deus?  
Quem, racionalmente consciente, poderia afirmar que viu Deus?
Cremos que ninguém pode afirmar com convicção como Ele é, e que já o viu; ou mesmo que já tenha falado di­retamente com Ele.
Mas, se isso é impossível porque Ele não tem forma, é invisível aos nossos olhos carnais e é inefável, é a nossa Fé que nos coloca em co­munhão com Ele e dele recebemos seus eflúvios divinos que nos alte­ram, nos extasiam, nos ins­pi­ram e nos impulsionam no nosso vir­tuo­sis­mo e evolução espiritual.
Deus, entre muitas formas de des­crevê-lo, também pode ser descrito co­mo o estado divino da vida e da criação, fato esse que O torna presente em nós através da nossa “vida” e torna-se sen­sível através dos nossos mais elevados sentimentos de fé.
Isso, pessoas bondosas seguidoras de todas as religiões conseguem porque o sentem presente em suas vidas e com Ele interagem através dos sentimentos virtuosos. Deus tanto está em todos atra­­vés do dom da vida, como com todos interage através dos sentimentos no­bres e virtuosos.
E como isso não é propriedade de ne­nhuma religião, e sim algo que per­ten­ce à todos os que Nele crêem e agem de acordo com suas leis reguladoras da vida e seus princípios sustentadores do nosso caráter da moral, das virtudes, dos verdadeiros sentidos da vida.
Cada um, independente da religião que segue, sente e entende Deus ao  seu modo e segundo sua percepção e seu estado de consciência.
Na Umbanda, todos os seus segui­dores crêem na existência de Deus e não questionam a sua existência e nem o inferiorizam, colocando-o ao mesmo ní­vel das divindades Orixás, e sim, o en­tendem e o situam como o divino cria­dor Olorum, que tudo criou e que criou até os Sagrados Orixás.
O entendemos co­mo a Origem de tudo e como o Susten­tador de tudo o que criou e con­fiou a gover­nabilidade dos Sagrados Orixás, os governado­res dos mui­­tos aspectos da Criação e es­tados da Criação.
Acreditamos na exis­-tência dos se­res di­vi­nos e os entendemos como nossos superiores mas em nenhum mo­mento os situamos acima do divino Criador Olorum, ou co­mo iguais ou su­periores a Ele. Na Umbanda, tu­do é hierarquizado e mui­to bem definido, sendo que na origem e acima de tudo e de todos está Olorum, o supremo re­gen­te da criação, in­des­critível através de palavras e im­possível de ser mode­lado em uma ima­gem porque não é um ser e sim um po­der supremo que rege so­bre tudo e to­dos, inclusive rege os Ori­xás divinos, tam­bém enten­didos co­mo inefáveis. Por­que são Ele, Olorum, já manifestado co­mo suas qua­lidades divinas.
A hierarquização é total e só não a vê quem não estuda a Umbanda com uma visão abrangente.

Senão, vejamos:
Olorum manifesta-se através das suas qualidades divinas. Em cada uma das suas qualidades Ele gera um Orixá, que por sua vez, traz em si todas as qua­lidades de Olorum e geram-nas em suas hierarquias divinas, naturais e es­pirituais.
Ou não é verdade que, por exem­plo, Ogum é uma qualidade de Deus?  Ogum é uma qualidade ordenadora de Olorum, certo?
Portanto, Olorum que é o todo indi­vi­dualizou-se na sua qualidade ordena­dora e gerou Ogum que, mesmo sendo em si só a qualidade ordenadora dele, traz em si as suas outras qualidades di­­vinas e, ao manifestá-las, gera uma in­­finidade de hierarquias divinas na­turais e espirituais, todas classificadas pelas qualidades divinas contidas na qualidade ordenadora de Ogum, que só em Ogum é uma qualidade original.
Já nos “Oguns” qualificados pelas outras qualidades de Olorum, neles a qualidade ordenadora é uma herança divina herdada de Ogum, fato esse que os qualificam como “Oguns”.
A hierarquização é tão rígida que há Olorum, há Ogum e há os “Oguns” que, estes sim, são as outras qualidades de Olorum herdadas por Ogum.
E esses “Oguns” são identificados, classificados e hierarquirizados pelas outras qualidades de Olorum fazendo surgir as hierarquias de Ogum, tais como:   • Ogum ordenador da e da reli­gio­­sidade dos seres; • Ogum orde­nador do Amor e da concepção das no­vas vi­das; • Ogum ordenador da razão ou da Justiça divina e regulador dos “li­mites” de cada coisa criada; • Ogum or­denador da Lei e do caráter de todas as coisas existentes; • Ogum ordena­dor da Evolução e da esta­bilidade da criação; • Ogum ordenador da Geração das coisas e da criati­vida­de dos seres; • Ogum ordenador do Tem­po e regula­dor dos ciclos e dos rit­mos de cada coisa criada.
De tão hierarquizada que é a criação chegamos ao nível terra e encon­tramos a hierarquização em tudo e em todos e temos os pássaros de Ogum; temos as ervas (raízes, fo­lhas, flores, frutas, se­mentes e ma­deiras) de Ogum.
Temos os animais, os répteis, os inse­tos, os peixes, os anfíbios, etc.,  de Ogum.
• Temos os filhos de Ogum.
• Temos as cores de Ogum.
• Temos as armas de Ogum.
• Temos os procedimentos e as
pos­turas de Ogum, o seu
arquétipo divi­no.
E o mesmo se repete com todos os Ori­xás, onde cada um dos Orixás ori­ginais é em si uma qualidade original de Olorum, mas com cada um trazendo em si e nessa sua qualidade original que o clas­sifica, o nomeia e o hierarquiza to­das as outras qualidades do divino cria­dor Olorum, pois este também indivi­dua­lizou-se em cada um dos seus Orixás originais, sendo que estes também hierarquizam-se em cada uma das suas qualidades divinas que herdaram do divino criador Olorum, multiplicando-se ao infinito e fazendo surgir um novo Orixá para cada uma das qualidades herdadas Dele, o divino criador Olorum.
Daí surgem as muitas “Oxuns”, os muitos “Xangôs”, as muitas “Iemanjás”, etc., todas hierarquizadas e respon­sáveis pela aplicação das qualidades di­vinas na vida dos seres espirituais, dos seres naturais, dos seres elementais, dos seres instintivos, dos seres elemen­tares e de tudo o mais que existe e que é identificado e classificado pela quali­da­de divina do Orixá original que o rege e em cada um individualizou-se e o quali­ficou com uma das muitas qualidades do divino criador Olorum.
Assim, na Umbanda cultua-se e ado­­ra-se a um único Deus e ao Deus úni­­co. Mas também cultua-se a adora-se os Orixás porque eles são manifes­ta­­ções e individualizações divinas do di­vino criador Olorum, origem de tudo e de todos.
A idealização de Deus pela Umban­da guarda a essência da matriz religiosa nagô e a elaborou à partir da hierarqui­zação existente na criação, hierar­qui­zação esta só não visível aos desatentos ou desinformados pois até nas linhas de trabalho, formada pelos espíritos hu­manos, ela está se mostrando o tempo todo através dos nomes simbólicos usados pelos guias espirituais.
- Ou não é verdade que existem muitas linhas de caboclos de Ogum; de Oxossi; de Xangô; de Oxalá; de Oxum; de Iemanjá; de Iansã, etc.?
A Umbanda é monoteísta, mas tal co­mo acontece em todas as outras reli­giões, ela também crê na existência de um universo divino, povoado por se­res divinos que zelam pelo equilíbrio da cria­ção e pelo bem estar dos seres espi­rituais criados por Deus, o divino criador Olorum. Ou não é verdade que no mo­no­teístico filo religioso judai­co-cristão-islamita também se crê na existência de um único Deus e numa corte de seres divi­nos denominados como anjos, ar­can­jos, querubins, serafins, etc?
O modelo de organização e descri­ção de Deus e do universo divino é o mesmo, que é o mesmo utilizado pelo hinduísmo, pelos greco-romanos, per­sas, egípcios, e outros povos antigos que também acreditavam na existência de um Ser Supremo e numa corte divina a auxiliá-lo na sustentação da criação  e na condução da evolução dos seres.
Em se tratando de Deus e das reli­giões, todas seguem o mesmo modelo de organização, pois dois, não há!
Religiões são como famílias e para existir uma nova família é preciso de um homem, uma mulher, uma casa e filhos.
Não há outra forma de ter uma fa­mí­lia organizada e auto sustentável fora desse modelo. E o mesmo acontece com as religiões: um único modelo orga­niza­cional para todas.
Uma vez que Deus é um só e a for­ma de “tê-lo” em nós e Dele nos aproxi­mar­mos é a mesma para todos, assim como é o destino dos corpos enterrados nos cemitérios. Então nesse caso não há nada de novo ou diferente desde que o mundo começou a existir.  Apenas exis­tem diferenças nas formas de apre­sentação das religiões, pois umas são rústicas, práticas e simples. Outras são elaboradíssimas, iniciáticas e comple­xas, como é o caso da Umbanda, com­pre­en­dida por uma minoria.
Mas no fundo da alma das religiões cria­das pelos homens, e dos seres cria­dos por Deus, que só há um, que é o divino criador Olorum, que as habita.
Esperamos ter fundamentado e jus­tificado o monoteísmo existente na Um­banda, certo?  Quanto ao que possam dizer os seguidores de alguma outra religião que sente-se “proprietário” de Deus e atribuam-nos o politeísmo, olvi­de-os porque, como bem disse o mestre Jesus, não vale a pena “dar pérolas aos porcos”.


Pai Rubens Saraceni.